Desafio 4:
BULE
Sou
um bule rachado, sou de porcelana, gorducho, nasci branco e vou morrer
de todas as cores, porque a Marta e o Miguel, os dois reguilas cá de casa,
fazem de mim gato-sapato. A avó bem
lhes diz que sou uma relíquia, por ser muito velhinho. Venho do tempo da bisavó
dela quando me usava para servir chá com bolinhos caseiros às amigas. Mas hoje
mantêm-me guardado na cristaleira desde a queda que me rachou a cabeça.
Sou um bule rachado, sou de barro e rechonchudo. Na barriga tenho uma pintura linda que me envolve de flores e corações. Sofri muito para ficar belo e reluzente quando me puseram num forno a altas temperaturas para ser cozido, mas ao ser admirado por tanta gente, valeu bem o sacrifício. Vi muitas disputas para me comprarem, mas levavam os meus irmãos gémeos. Um dia, deixaram-me cair e parti-me em dois. O lixo foi a minha casa.
Sou
um bule rachado, sou alto e esguio. Por alguma razão especial
colocaram-me em cima de uma mesa ao lado de copos de cristal, jarros com sumos
e pratos recheados de bolos de vários sabores. Limão, laranja, morango vão se
confundir com os chás de menta, frutos do bosque e outros. Dentro de mim sai
uma deliciosa fragrância a maçã e canela. Daqui a pouco serei esvaziado para as
chávenas e também acompanharei o recital de poesia.
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